BESOURO - (2009 )

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Que eu sou apaixonado pelo cinema nacional, não é novidade para quem me conhece. Não é nacionalismo exagerado, nem coisas do tipo, sou apaixonado, porque apesar das dificuldades de apoio, e de ser recente esse crescimento e fortalecimento do nosso cinema, as películas produzidas em terras tupiniquins são infinitamente superiores a muita coisa que vem de fora, e se é para passar raiva com um filme, prefiro passar com um filme nacional do que com algumas porcarias importadas que nos são empurradas goela abaixo.
O filme em questão não é ruim, de maneira nenhuma, é ótimo que esteja sendo criados heróis nossos, com referências daqui do Brasil, personagens com quem iremos nos identificar, ligado a nossos deuses e à nossa cultura, mas o diretor João Daniel Tikhomiroff peca e muito, em vários detalhes que poderiam tornar Besouro o melhor filme lançado no Brasil este ano.
Besouro, conta a história de um lendário capoeirista, Manoel Henrique Pereira, o Besouro Mangangá, que viveu em Santo Amaro da Purificação. Muitas histórias cercam este personagem e a maioria delas são cantadas em rodas de capoeira, ou seja, não há muitos registros escritos, é tudo mantido de forma oral pelos capoeiristas de todo o mundo. A narrativa é situada nos anos 20 do século passado, levantando debates interessantes sobre a capoeira, a escravidão e o candomblé. O roteiro é baseado no livro “Feijoada no Paraíso”, de Marco Carvalho, e quem assina é Patrícia Andrade, de “Dois Filhos de Francisco” e “Salve Geral”, este último eu ainda não vi, mas o primeiro tem um roteiro bem amarrado, diferente de Besouro, que tem uma linha que arrasta os protagonistas em uma direção tão previsível que chega a ser irritante, a história não tem ritmo, é quebrado, o que pesa muito para um filme dito de ação. A Direção de arte e a fotografia são excelentes, também, ficam a cargo, respectivamente, dos experientes Cláudio Amaral Peixoto ( Cazuza e Lisbela e o Prisioneiro) e Enrique Chediak, considerado um dos melhores diretores de fotografia da atualidade. Para completar, o coreógrafo contratado para fazer o besouro voar foi o chinês Huen Chiu Ku responsável por Kill Bill, Matrix e O Tigre e o Dragão. Até aí tudo bem, mas o excesso de estreantes no filme, foi seu pecado maior, começa pelo diretor João Daniel Tikhomiroff, que até então só havia dirigido comerciais, eis o porquê de ter sido tão bem feita campanha de Marketing da película. Os atores, quase todos são também inexperientes, o que compromete bastante a obra, segundo o diretor “Se fosse buscar um ator, e ainda fazer ele aprender a jogar capoeira, eu iria ter que usar muitos cortes e dublês. Eu queria que o público se encantasse pela maneira que o protagonista jogava capoeira” para tanto foi escolhido Ailton Carmo, 22 anos, professor de capoeira e guia turístico de Lençóis/BA, o Anderson Santos de Jesus, capoeirista profissional que faz o personagem de Quero Quero e a estudante de teatro Jessica Barbosa como Dinorá encabeçando uma lista de atores inexperientes que completam o elenco do filme. Encantar o público com a capoeira eles conseguiram, com certeza, aliás, não só com isso, a beleza e o cuidado com que nos é apresentado o candomblé, as entidades e os mitos dessa religião, mostrando toda relação dos orixás com a natureza, as oferendas, símbolos e lendas, poucas vezes aconteceu no cinema nacional. E estes são para mim, os pontos altos do filme. Mas por outro lado, falta profundidade nos personagens, tudo soa superficial, e isso deixa o filme morno quase que o tempo inteiro. Um melhor elenco, melhor direção e um roteiro menos previsível com certeza tornaria Besouro uma Obra-prima. Ah! Quase que me esquecia da Trilha Sonora, tirando a canção dos pernambucanos do Nação Zumbi e as cantigas de capoeira, todo o restante, passa despercebido.

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