COM UM POUCO MAIS DE ALMA NOVO DISCO DO CLUBE DE PATIFES
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
"Eu no poderia deixar de escrever algo sobre o novo disco do Clube, então vai aí um pequeno texto"
O Clube de Patifes, ao que se divulga e se comenta nos quatro cantos, toca blues... Blues? Para quem não conhece o blues tradicional lá do Delta do Mississipi, o blues de Chicago, e ouve o grupo, percebe referências que os remete ao mais genuíno blues. Para quem conhece as referências supracitadas , a banda passa longe de fazer o tão falado blues.
Por quê? Onde já si viu se cantar blues em português? Banda de Blues no Brasil tem que cantar em inglês e tem que ter no repertório os grandes clássicos do gênero, afirmam os mais ortodoxos. A verdade é que, quem faz um comentário de tão absurdo quanto este, definitivamente nunca entendeu o blues.
Não precisamos reproduzir o que os americanos fazem, a história de vida deles é outra, a sociedade, costumes e principalmente a cultura é outra. Fazer blues no Brasil simplesmente tentando reproduzir o que é feito no norte da América, além de soar superficial e falso, uma réplica mal feita e sem sentido, não irá cumprir a função de estabelecer um link entre artista e público, e este elo nasce justamente ao se transmitir através da letra e ritmo todo um conteúdo cultural comum aos envolvidos. O Blues de Muddy Waters, Robert Johnson, entre outros grandes artistas, era algo natural, ligado a terra e a tudo que envolvia a vida no campo no sul dos Estados Unidos.
Blues é música do campo. Como fazer algo aqui no nordeste do Brasil, com tanta naturalidade e cantado em inglês? Como funcionaria isto? Simplesmente não dá! E se, fazer blues é tocar as dores, amores perdidos, cantar o dia-a-dia de uma sociedade sofrida, então o Clube de Patifes, sim, faz Blues, e o faz com pureza d’alma, sem tentar ser algo que não é, um bluesman americano, ou qualquer outra coisa, e sim um genuíno nordestino.
A influência do blues americano é inegável e estar presente na música da banda. Estão lá todos os clichês, mas existem também a presença de elementos do sertão, Pablues (Voz e gaita) não canta como B.B King ou John Lee Hooker, as palavras são atiradas sem rodeios, existe na sua forma de cantar a presença de outros mestres como Luiz Gonzaga e Coroné (Trio Nordestino), existe um outro passado enraizado na música do Clube de Patifes, outros heróis, outras lendas, e não são lendas de lá, são lendas daqui. Clube de Patifes é a junção da música do campo de duas terras quentes, áridas, e cortadas por um grande rio cheio de histórias e mitos. E não precisa de zabumba, nem pandeiro, nem outros instrumentos típicos para mostrar essa influência, pois ela é sutil, é natural, está no sangue de cada um dos membros da banda e não há como fugir dela.
O Novo álbum, Com um Pouco Mais de Alma, é o conteúdo prático de tudo que foi dito acima, seja através da fusão simbólica do Aboio do vaqueiro com o blues de John Lee Hooker, seja através de canções como “Feira”, obscura só para quem não vive na cidade, “mal traçadas linhas”, ou “Caminhos de Cruz” que fala de algo tão presente no blues americano que é o trem, mas que foi inspirada nas antigas ferrovias que ligavam as cidades do Recôncavo Baiano, num passado recente. O Cd não é conceitual, mas existe, uma linha que norteia todo o álbum que são as inquietações da alma. A banda ainda continua bebendo, mas neste disco havia muitas perguntas a serem feitas, e elas estão no disco distribuídas entre as 15 faixas que compõe o trabalho, entre as dores e os amores expressos nas mesmas 15 canções.
O Clube de Patifes, ao que se divulga e se comenta nos quatro cantos, toca blues... Blues? Para quem não conhece o blues tradicional lá do Delta do Mississipi, o blues de Chicago, e ouve o grupo, percebe referências que os remete ao mais genuíno blues. Para quem conhece as referências supracitadas , a banda passa longe de fazer o tão falado blues.
Por quê? Onde já si viu se cantar blues em português? Banda de Blues no Brasil tem que cantar em inglês e tem que ter no repertório os grandes clássicos do gênero, afirmam os mais ortodoxos. A verdade é que, quem faz um comentário de tão absurdo quanto este, definitivamente nunca entendeu o blues.
Não precisamos reproduzir o que os americanos fazem, a história de vida deles é outra, a sociedade, costumes e principalmente a cultura é outra. Fazer blues no Brasil simplesmente tentando reproduzir o que é feito no norte da América, além de soar superficial e falso, uma réplica mal feita e sem sentido, não irá cumprir a função de estabelecer um link entre artista e público, e este elo nasce justamente ao se transmitir através da letra e ritmo todo um conteúdo cultural comum aos envolvidos. O Blues de Muddy Waters, Robert Johnson, entre outros grandes artistas, era algo natural, ligado a terra e a tudo que envolvia a vida no campo no sul dos Estados Unidos.
Blues é música do campo. Como fazer algo aqui no nordeste do Brasil, com tanta naturalidade e cantado em inglês? Como funcionaria isto? Simplesmente não dá! E se, fazer blues é tocar as dores, amores perdidos, cantar o dia-a-dia de uma sociedade sofrida, então o Clube de Patifes, sim, faz Blues, e o faz com pureza d’alma, sem tentar ser algo que não é, um bluesman americano, ou qualquer outra coisa, e sim um genuíno nordestino.
A influência do blues americano é inegável e estar presente na música da banda. Estão lá todos os clichês, mas existem também a presença de elementos do sertão, Pablues (Voz e gaita) não canta como B.B King ou John Lee Hooker, as palavras são atiradas sem rodeios, existe na sua forma de cantar a presença de outros mestres como Luiz Gonzaga e Coroné (Trio Nordestino), existe um outro passado enraizado na música do Clube de Patifes, outros heróis, outras lendas, e não são lendas de lá, são lendas daqui. Clube de Patifes é a junção da música do campo de duas terras quentes, áridas, e cortadas por um grande rio cheio de histórias e mitos. E não precisa de zabumba, nem pandeiro, nem outros instrumentos típicos para mostrar essa influência, pois ela é sutil, é natural, está no sangue de cada um dos membros da banda e não há como fugir dela.
O Novo álbum, Com um Pouco Mais de Alma, é o conteúdo prático de tudo que foi dito acima, seja através da fusão simbólica do Aboio do vaqueiro com o blues de John Lee Hooker, seja através de canções como “Feira”, obscura só para quem não vive na cidade, “mal traçadas linhas”, ou “Caminhos de Cruz” que fala de algo tão presente no blues americano que é o trem, mas que foi inspirada nas antigas ferrovias que ligavam as cidades do Recôncavo Baiano, num passado recente. O Cd não é conceitual, mas existe, uma linha que norteia todo o álbum que são as inquietações da alma. A banda ainda continua bebendo, mas neste disco havia muitas perguntas a serem feitas, e elas estão no disco distribuídas entre as 15 faixas que compõe o trabalho, entre as dores e os amores expressos nas mesmas 15 canções.
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